quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Genocídio na Colômbia não é manchete

Por Altamiro Borges
http://altamiroborges.blogspot.com/

É assustador o quadro de violência na Colômbia. Mas a mídia colonizada não dá manchetes nem aciona os seus “calunistas” para criticarem os governantes do país vizinho, que aplicam caninamente as orientações da política externa expansionista e belicista dos EUA na América Latina. A mídia venal só faz alarde contra os “inimigos” do império, como Cuba e Venezuela.

Segundo relatório enviado na semana passada à Organização dos Estados Americanos (OEA) por várias entidades de defesa dos direitos humanos, a barbárie impera na militarizada Colômbia. O estudo, fartamente documentado, reuniu dados de 2005 até 1º de dezembro de 2010. E as cifras são alarmantes: 173.183 homicídios, 1.597 chacinas e 34.467 desaparecidos.

A barbárie dos grupos paramilitares

Os principais envolvidos neste horripilante genocídio são os grupos paramilitares, que a mídia colonizada insiste em afirmar que foram desativados durante o governo fascistóide de Álvaro Uribe (2002/2010). Mas há também registro de violência das forças armadas e até de jagunços contratados por empresas multinacionais que operam no país – como a Coca-Cola.

Além dos assassinatos, os grupos paramilitares estão implicados em 3.527 casos de seqüestros, 3.532 de extorsão, 677 de violência de gênero, 68 do narcotráfico e 28.167 casos de outros crimes. Nos últimos anos, por pressão da sociedade civil, foram descobertas 3.037 fossas comuns e encontrados 3.678 cadáveres – destes, 1.323 corpos já foram identificados.

Assassinos com influência política

O ex-presidente Álvaro Uribe, conhecido por seus vínculos com cartéis da cocaína e por advogar em defesa de paramilitares, concedeu anistia a estes assassinos, que hoje estão protegidos pela “Lei de Justiça e Paz”. Segundo as entidades de direitos humanos, estes grupos ainda gozam de forte influência no país. O relatório denuncia as suas ligações com 429 políticos, 381 membros das forças armadas, 155 autoridades governamentais e outras 7.067 pessoas com algum poder na sociedade.

Vale lembrar que o agrupamento Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), que agrega os grupos paramilitares, foi criado em abril de 1997 com o objetivo de unir a extrema-direita – que incluía pecuaristas, latifundiários e poderosos industriais. Mais de 70% de sua renda provinha do narcotráfico, além de seqüestros e extorsão. Ela sempre recebeu apoio logístico de vários comandantes do Exército e manteve relações com governadores e parlamentares, além de executivos de multinacionais.

Oficialmente, as AUC foram dissolvidas em 2006. No entanto, reportagens e relatos de várias ONGs, como o Movimento Nacional das Vítimas dos Crimes de Estado, confirmam que os grupos paramilitares continuam na ativa com outros nomes, como Águias Negras, “Los Paisas” e “Los Urabeños”. Para a mídia colonizada, porém, esta barbárie não é manchete.

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